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TAREFAS E DIFICULDADES DO MINISTRO DE MÚSICA 

Ser integrante de um ministério de música não é apenas ser músico, é ministrar a música e evangelizar através daquilo que entoamos. Fomos revestidos pelo poder de Deus para executar a música por onde Ele nos enviar. Nossa caminhada é baseada no amor e feita de carinho, dedicação, oração, técnica, intimidade com Deus e alegria.

Ao contrário do que se possa pensar, ministrar a música é tarefa nada fácil. Isso porque a música é um instrumento poderoso de evangelização e é justamente por essa característica que quem conduz um instrumento ou coloca a voz à disposição do serviço a Deus, deve estar atento. Muitas vezes, um músico se confunde pensando que foi pelo seu dom, talento e carisma que a obra do Senhor aconteceu.

“O músico torna-se um verdadeiro discípulo quando seu carisma é colocado à disposição dos desígnios de Deus” (Eliana Ribeiro). Para que a vontade do Pai se realize por meio da música é preciso estar em perfeita sintonia com o céu e isso só acontece com oração e intimidade com o Senhor. Sem essas duas ações preciosas não há sintonia. Portanto, para ministrar a música é preciso ter postura de ministro de música e não somente talento e dom para tocar ou cantar.

Obviamente o talento, acrescido de estudo e boa técnica é fundamental, mas somente eles não dão conta de fazer a graça acontecer, o céu se abrir e todo joelho se render a Jesus Cristo. Já dizia Pe. Léo: “O ministro de música precisa viver a música que ele toca”. Por isso, antes de tocar e cantar, somos discípulos de Jesus. Tivemos e temos uma experiência pessoal com Deus que nos faz deixar para trás o homem velho e lutar dia-a-dia em busca do homem novo.

Ser ministro de música é carregar som, ter reuniões durante a semana, servir em encontros, cantar nas missas, estar à disposição dos eventos da Paróquia à qual pertence, enfrentar dificuldades e as correrias da vida pessoal, mas com a certeza de que temos amigos-irmãos, que dividem sentimentos, e um motivo maior para nos reunirmos e testemunhar sobre aquele que nos motiva e nos completa.

*Luciana Barbosa e Thaysa Karolina, integrantes do Grupo Ruah.


A MÚSICA CATÓLICA NA EVANGELIZAÇÃO

A música católica é uma ponta de lança na evangelização. E por ser ponta fina, penetrante, abre brecha e não há nada que a ela resista. Com a música vem o poder de Deus e essa ponta de lança penetra os corações mais endurecidos. Não são apenas emoções que a música produz, mas é o poder de Deus, a presença do Espírito Santo e dos anjos através da música.

Na música de Deus estão os anjos, que vão nessa ponta aguda de lança. Eles penetram os corações. Não é a beleza do encadeamento dos acordes, é o poder de Deus, são os próprios anjos que vão abrindo o coração daqueles que a escutam.

Depois que a ponta da lança entrou, o resto entra. Até mesmo a lança inteira, como aconteceu no coração de Jesus. A ponta da lança entrou e inteira se cravou: abriu uma brecha no coração de Jesus. E essa brecha estará aberta eternamente. Por isso, a música não pode ser levada de qualquer jeito.
A música prepara o ambiente para a ação do Espírito Santo, para povoar o lugar onde a música de Deus é cantada com a presença dos anjos. Quando se canta a música de Deus, os anjos vem, cantam, louvam!

Enquanto houver adoração e louvor de homens, vão acontecer louvor e adoração de anjos. Haverá um Espírito de louvor e de adoração. Haverá poder de Deus sobre aquelas pessoas e elas serão tocadas. O poder de Deus se manifesta. “Entoai juntos salmos, hinos e cânticos inspirados; cantai e celebrai o Senhor de todo o vosso coração”. (Ef 5,19)

O Senhor sabe muito bem o efeito que a música tem sobre nós. Muitas vezes, no Antigo e Novo Testamento, a ordem de Deus é: “Cantai ao Senhor um canto novo”. (Sl 96,1)

Existe uma “Canção Nova”, uma música nova, que é do homem novo, da nova criatura, do mundo novo. É a música de Deus que faz novas todas as coisas. Existe igualmente uma “canção velha”, a música do homem velho, da velha criatura. Se a “Canção Nova” faz um grande bem, se constrói em nós o homem novo, a música velha é sempre um estrago, é um elemento destruidor do homem novo.

Na vida do homem novo só há lugar para “canção nova”. A música velha, mundana, alienante, sensual e provocadora só pode ser desterrada. Para não guardar material explosivo, será necessário selecionar os CDs e DVDs de música desse tipo.

Por causa de nossa vida cristã precisamos ter a mente e os pensamentos de Cristo. É impossível implantar a mente e os sentimentos de Cristo no terreno cheio de lama de uma música mundana.
Fomos feitos para cantar a glória de Deus. Precisamos ensaiar desde agora. Há pouco tempo de ensaio. Logo, logo, o Maestro virá e não tardará!

Deus o abençoe!
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova
www.cancaonova.com



A MÚSICA QUE CHAMA

Música é como rosa. Bonita, mas tem espinhos. Pode encantar e pode ferir. Mas o mundo a usa desde tempos imemoriais. De sons desarticulados, mas diferenciados, acabou em harmonia, som após som, justaposição de notas e virou mensagem pensada. Salmistas, sacerdotes e reis sabiam do poder da canção. Davi tocava harpa e, mais tarde, como rei, achou lugar de destaque para a música no seu governo. Tanto que chegava a escalar pessoalmente os cantores do templo, tamanha a importância que dava aos que viviam da música. (1 Cro 9, 33; 15, 27).

Afirma-se que Nero a usava. Os detratores acrescentam: muito mal! Hitler a usou abertamente para o mal. As cortes e os exércitos a usavam e usam. Bandas, orquestras, quartetos, corais, concertos, canto litúrgico, tudo é para divulgar, organizar, motivar e chamar. A música pode ferir, ensurdecer e desestruturar. Pode harmonizar, aclamar e até contribuir para a cura. A músico-terapia é experiência mais séria do que se imagina ou se admite.

Usam da canção as religiões; investem pesadamente nela os católicos, os evangélicos, os mais diversos credos religiosos. Algumas igrejas pentecostais gastam hoje milhões de dólares ou reais na preparação dos seus cantores. Monges, autoridades e povo cantam desde tempos imemoriais. Entre os católicos a música forjou toda uma geração de religiosos. Levantavam e ainda levantam-se de madrugada e vão dormir ao som de louvores cantados. Cantores tocam, cantam e dançam nas salas de concerto, nos templos, nas ruas. Música bem tocada chama o povo. Abre espaço para a mensagem que vem depois. E há uma canção mais agressiva que às vezes vem acompanhada de tóxicos; quem pensou em rock pensou errado. Há muita música que se executa regada de bebida e de tóxicos porque cria e serve a determinado ambientes, no mínimo suspeitos.

Cantam os católicos da Teologia da Libertação, os da Renovação Carismática, os marianos, os arautos do Evangelho, os monges do Tibet, os Pentecostais, os conservadores, os progressistas, os moderados, os ecumênicos, os proselitistas. Sua música traduz o seu modo de ver a terra e o céu. Entra lá a canção que afina com seu projeto. Só ela! Raramente cantam o canto do outro. Nem sequer expõem nas suas lojas as canções do outro movimento ou da outra igreja. Ciumentamente divulgam apenas os seus cantores. É que dentro da canção vai a fé ou a ideologia. Precisam dela porque além de evangelizar, a canção pode ajudar suas obras! Cantam os seus e esperam que o outro os ouça. Eles preferem não ouvir quem não ora como eles.

A música une ou separa. Chama para o amor e para a guerra, para o bem e para o mal. Feita por vozes e instrumentos, ela é também instrumento e porta-voz, de Hitler, Stalin ou de uma simples e humilde escola para cegos. Feliz é quem a usa de maneira ética! Feliz de quem não se deixa dominar ou enganar por ela! Instrumento de diálogo, não deveria cair nas mãos nem dos violentos, nem de pessoas incapazes de dialogar. Não pode ser transformada em arma, nem veículo de mentira ou de fanatismo. É nobre demais para isso!

Pe. Zezinho, scj
www.padrezezinhoscj.com